Nos últimos anos, surgiram várias novas técnicas para o tratamento de fístulas anais: laser, vídeo (VAAFT), uso de plugs biológicos, colas de fibrina e até terapias com células-tronco. Todas foram apresentadas como soluções revolucionárias, capazes de oferecer menos dor, recuperação mais rápida e menor risco de incontinência.
No entanto, na prática, os estudos mostram que os resultados ainda não são tão animadores quanto se imaginava.
1. Taxas de sucesso mais baixas do que o esperado
• Procedimentos como laser ou radiofrequência apresentam sucesso inicial razoável, mas quando o paciente é acompanhado por mais de 1–2 anos, a taxa de cura cai para cerca de 50–60%.
• Muitos pacientes precisam passar por mais de uma cirurgia para resolver a fístula.
• Isso significa que, em vez de uma “solução definitiva”, alguns métodos acabam levando a tratamentos repetidos.
2. Resultados variáveis entre estudos
• Em terapias com células-tronco, alguns trabalhos mostram melhora clínica, mas os exames de imagem revelam que o trajeto da fístula muitas vezes permanece aberto.
• As taxas de sucesso variam muito de acordo com o protocolo, o tipo de célula usada e a experiência do centro.
• Essa falta de padronização torna difícil saber se os bons resultados são reprodutíveis em larga escala.
3. Custo elevado e acesso limitado
• Equipamentos de laser, vídeo ou preparação de células-tronco são caros e exigem centros especializados.
• Muitos hospitais não dispõem dessa estrutura.
• Quando o tratamento falha e o paciente precisa de nova cirurgia, o custo total aumenta ainda mais, sem a garantia de cura definitiva.
4. Técnicas tradicionais ainda são mais confiáveis
• Métodos clássicos, como a fistulotomia em casos simples e técnicas poupadoras de esfíncter em casos complexos, seguem apresentando altas taxas de sucesso em centros experientes.
• Por isso, as diretrizes internacionais (como da American Society of Colon & Rectal Surgeons – ASCRS) ainda não recomendam substituir totalmente as cirurgias tradicionais pelas técnicas “modernas”.
5. O que esperar do futuro
As novas tecnologias ainda estão em fase de estudos e aperfeiçoamentos.
Com mais pesquisa, padronização e acompanhamento de longo prazo, algumas delas podem se tornar parte do arsenal terapêutico de rotina.
Por enquanto, é importante que o paciente saiba que:
• a chance de recidiva é significativa,
• pode ser necessário mais de um procedimento,
• e as técnicas tradicionais continuam sendo a opção mais eficaz na maioria dos casos.
Apesar da empolgação, as novas técnicas para fístulas anais ainda não cumprem tudo o que prometem. A medicina avança, mas com cautela: é preciso avaliar bem cada caso, discutir riscos e benefícios com o especialista, e alinhar expectativas realistas sobre os resultados.




