A constipação intestinal ou “intestino preso” é uma queixa muito comum, especialmente entre mulheres e pessoas com hábitos sedentários. Em muitos casos, ela está relacionada a maus hábitos alimentares ou baixa ingestão de água.
Mas há situações em que o problema está no mecanismo de evacuação,e é aí que o biofeedback com EMG pode fazer toda a diferença.
Quando o problema não é o intestino, e sim o assoalho pélvico
Para evacuar, o corpo precisa de uma coordenação precisa entre os músculos abdominais e os músculos do assoalho pélvico.
Esses músculos devem relaxar no momento certo, permitindo a passagem das fezes.
Em algumas pessoas, acontece o oposto: o esfíncter anal e o músculo puborretal se contraem no momento do esforço.
Esse distúrbio é chamado de dissinergia anorretal e pode causar:
• Esforço intenso para evacuar;
• Sensação de evacuação incompleta;
• Necessidade de usar o dedo para ajudar a eliminar as fezes;
• Desconforto ou dor retal.
Nesses casos, o uso de laxantes costuma trazer pouco resultado, porque o problema é muscular, e não apenas intestinal.
Como funciona o biofeedback com EMG
O biofeedback é uma técnica de reeducação neuromuscular.
Com o auxílio de sensores (geralmente pequenas sondas anais e eletrodos na pele), é possível medir a atividade elétrica dos músculos envolvidos na evacuação.
Esses sinais são exibidos em uma tela de computador, mostrando em tempo real quando o paciente está contraindo ou relaxando.
Durante o treinamento, o paciente aprende , com ajuda do terapeuta , a relaxar os músculos no momento certo, coordenando o esforço abdominal com o relaxamento do esfíncter anal.
A tecnologia utilizada é o EMG (eletromiografia), a mesma usada em fisioterapia e reabilitação muscular. Ela permite treinar com precisão, sem dor e sem medicação.
Como é o tratamento
• As sessões duram cerca de 30 a 45 minutos;
• São feitas 1 vez por semana, geralmente entre 6 e 10 sessões;
• O paciente também recebe orientações sobre alimentação, hidratação e hábitos evacuatórios;
• O método é indolor, seguro e não invasivo.
Resultados e eficácia
Diversos estudos mostram que o biofeedback com EMG é um dos tratamentos mais eficazes para constipação causada por dissinergia anorretal, com melhora em 70% a 80% dos casos.
Os pacientes relatam:
• Redução do esforço para evacuar;
• Menos sensação de fezes “presas”;
• Evacuação mais completa e natural;
• Menos dependência de laxantes.
Os resultados costumam ser duradouros, já que o paciente aprende a controlar o próprio corpo de forma consciente.
Quem pode se beneficiar
O biofeedback com EMG é indicado para:
• Constipação funcional com dificuldade de evacuação;
• Distúrbios do assoalho pélvico (dissinergia anorretal);
• Incontinência fecal (em protocolos específicos);
• Reabilitação após cirurgias pélvicas ou proctológicas.
Quando o biofeedback não é indicado
• Infecções ou inflamações anorretais ativas (como fissura aguda ou abscesso);
• Dor intensa ao toque retal;
• Dificuldade de compreensão ou colaboração durante o treino.
O biofeedback com EMG é uma ferramenta moderna, segura e eficaz para quem sofre com constipação causada por disfunção do assoalho pélvico.
Ao ensinar o paciente a coordenar corretamente os músculos da evacuação, o método trata a causa do problema ,e não apenas os sintomas.
É um tratamento que une tecnologia e fisiologia, com resultados duradouros e melhora significativa da qualidade de vida.




