Constipação Crônica: novas diretrizes da ASCRS e o que isso significa para você

A constipação intestinal — popularmente chamada de prisão de ventre — é um dos problemas gastrointestinais mais comuns, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Recentemente, a Sociedade Americana de Cirurgiões de Cólon e Reto (ASCRS) publicou suas novas diretrizes sobre avaliação e tratamento da constipação crônica, trazendo recomendações atualizadas que ajudam tanto médicos quanto pacientes a entenderem melhor como lidar com esse desafio.

O que é constipação crônica?

Falar em constipação não significa apenas “ficar alguns dias sem evacuar”. Para ser considerada crônica, a condição precisa durar mais de três meses e pode se manifestar de diferentes formas:

                •             evacuações muito infrequentes,

                •             fezes ressecadas e endurecidas,

                •             esforço excessivo para evacuar,

                •             sensação de evacuação incompleta.

O impacto vai além do desconforto físico: pode afetar a qualidade de vida, o humor e até a produtividade.

Como deve ser feita a avaliação

As novas diretrizes reforçam que o diagnóstico começa com uma boa conversa entre médico e paciente. Entender os hábitos, a dieta, o uso de medicamentos e até fatores emocionais é essencial.

O exame físico — especialmente o toque retal — continua sendo uma etapa importante, pois pode revelar alterações do assoalho pélvico.

Exames como colonoscopia só são recomendados em pacientes com sinais de alarme (sangue nas fezes, anemia, perda de peso ou idade acima de 45 anos sem rastreamento prévio).

Nos casos persistentes, exames funcionais podem ser indicados, como:

                •             tempo de trânsito colônico,

                •             manometria anorretal,

                •             teste de expulsão de balão,

                •             defecografia.

Tratamentos: do simples ao avançado

O tratamento da constipação deve ser feito em etapas:

1. Mudanças no estilo de vida

Aumentar o consumo de fibras, beber bastante água e praticar exercícios físicos são medidas fundamentais.

2. Laxativos e novas medicações

                •             O polietilenoglicol é considerado o laxativo de primeira escolha.

                •             Laxativos estimulantes podem ser usados de forma intermitente.

                •             Novas opções como linaclotide, plecanatide e prucaloprida mostram bons resultados em casos resistentes.

3. Biofeedback para distúrbios de evacuação

Quando o problema está na coordenação dos músculos do assoalho pélvico, o biofeedback (um tipo de fisioterapia guiada) é hoje o tratamento de primeira linha, com excelentes taxas de sucesso.

4. Cirurgia em casos selecionados

A cirurgia só deve ser considerada em situações graves, refratárias e bem investigadas. Pode envolver retirada parcial do cólon (colectomia) ou correção de defeitos anatômicos como prolapso retal ou retocele.

O que podemos aprender com as novas diretrizes

A principal mensagem é que a maioria dos pacientes pode ser tratada sem cirurgia, com medidas simples, medicações modernas e fisioterapia especializada. A avaliação deve ser individualizada, evitando exames invasivos desnecessários e priorizando sempre o bem-estar e a qualidade de vida.

Compartilhar

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições